sexta-feira, 5 de julho de 2013

30 anos de “War”


Em 2013, o álbum “War”, da banda irlandesa U2, completa 30 anos. Lançado em 1983 e produzido pelo lendário produtor Steve Lillywhite, “War” pode ser considerado um dos grandes discos do U2. A capa mostra o rosto do garoto Peter Rowen olhando-nos de maneira desafiadora, dura, furiosa. O preto e branco da imagem contrasta com as palavras “U2” e “War” (“Guerra”, em português), escritas com uma vermelha cor de sangue no lado direito da capa.
É interessante percebermos a diferença entre as capas de “Boy” (o primeiro disco do U2, lançado em 1980) e “War”. Peter Rowen também aparecera na capa do álbum de estreia do U2, mas a sua expressão facial fora mais infantil, e não a ameaçadora que pode ser vista na capa do disco de 1983. Não só os aspectos visuais dos discos são diferentes, mas a sonoridade das músicas e o teor das composições também passaram por algumas mudanças.
“War” é um disco mais maduro, onde se destaca a presença mais intensa e direta da temática política nas canções. A primeira faixa do disco é “Sunday Bloody Sunday”, na qual o som da bateria de Larry Mullen Jr. se assemelha ao de uma metralhadora. A letra é uma referência ao Domingo Sangrento, de 1972, no qual houve um confronto entre manifestantes católicos e o exército inglês, na Irlanda do Norte. “Sunday Bloody Sunday” é um protesto contra a violência e a intolerância. Outras faixas do disco também merecem a nossa atenção, tais como “New Year’s Day”, “Like a Song…”, “Two Hearts Beat as One” e “40”.

“War” é um disco que está intimamente ligado ao momento histórico no qual foi produzido: a invasão soviética ao Afeganistão, o movimento “Solidariedade” na Polônia, as eleições de Ronald Reagan, nos EUA, e de Margaret Thatcher, no Reino Unido, a guerra das Malvinas, o terrorismo do IRA, o desemprego na Irlanda etc. “War” surgiu a partir daquele contexto de violência, brutalidade e degradação, e suas músicas são um protesto contra a situação vivenciada naquele momento.
“Um tapa na cara”, assim o vocalista Bono definiu o disco. De fato, “War” é mesmo um álbum provocador, tendo recusado o escapismo comum a outras bandas da época. Mais que isso, este disco é um marco na trajetória do U2, uma banda que se preocuparia cada vez mais, nas décadas seguintes, com temas políticos e sociais, sempre presentes em seus discos. Aliás, tais temáticas têm servido não só à criação artística da banda, mas também como uma eficiente forma de marketing do grupo.

Texto originalmente publicado na Coluna do Nehac do Jornal Correio de Uberlândia no dia 01 de março de 2013.

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