quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Quando me perguntam se eu acredito em Deus...

Quando me perguntam se eu acredito em Deus, tem uma história que aconteceu comigo e que eu sempre gosto de lembrar...
Na época em que eu fazia o Curso de Graduação em História no período noturno, há alguns anos atrás, eu ia embora da faculdade sempre a pé. Foram mais de quatro anos fazendo isso. Eu saía da UFU e caminhava até a minha casa no bairro Aparecida. A noite oferecia os seus perigos, é claro, mas não tinha outro jeito, então eu precisava encarar aquela caminhada noturna. Uma vez, indo embora para a minha casa, passando perto da agência da Caixa Econômica e da Curinga Veículos, ali na Avenida Rondon Pacheco, cansado depois de um dia todo estudando na UFU, e suportando o frio que fazia naquela noite, eis que me deparo com um assaltante!
Eu me lembro que era um cara jovem e, como dava para perceber, ele estava visivelmente "alterado", provavelmente em função do uso de alguma droga. Surgiu quase que do nada, perguntou onde estava o meu celular e se eu tinha dinheiro. Agora, tentem entender a minha situação naquele momento... Durante a minha faculdade, eu não trabalhava, e a única fonte de renda que eu tinha era uma tímida bolsa de Iniciação Científica (era por participar de um projeto de pesquisa que eu ficava o dia todo na UFU de vez em quando). Naquele dia, mais cedo, eu tinha gastado quase todo o meu dinheiro com umas xerox de uns textos para as disciplinas que eu cursava. Quanto ao celular, o mesmo tinha ficado em casa recarregando a bateria (e o aparelho estava sem créditos, então, eu não o tinha levado comigo para a universidade naquele dia). Na minha carteira, havia apenas a notável quantidade de dois reais e alguns centavos que tinham sobrado após um dia todo na UFU. Numa situação assim, eu só conseguia pensar que o cara ia me matar. "Pronto, esse maluco vai ficar grilado pelo fato de eu não ter muita coisa e vai estourar os meus miolos. Não é possível que eu vou acabar desse jeito", pensei.
Já passei por muitas dificuldades na vida, mas posso dizer a vocês que ter uma arma de fogo apontada para mim foi certamente uma das piores experiências que já tive. E o pior era que o assaltante estava muito, mas muito alterado, praticamente fora de si, o que aumentava ainda mais o meu medo de morrer ali mesmo.
E no entanto, embora o medo fosse grande e, por dentro, eu estivesse completamente apavorado, por mais incrível que pareça, eu consegui demonstrar calma naquela hora. Minhas mãos não tremeram e eu sequer gaguejei. Conversei com o ladrão sobre o porquê de eu ter tão pouco dinheiro naquele momento. Ele abriu a minha mochila, viu o meu caderno e os textos da faculdade, depois olhou pra mim e me disse umas coisas que, sinceramente, eu nem consigo me lembrar. No final, ele levou o meu pouco dinheiro e também a minha blusa, pois fazia frio na hora. Tomou o seu caminho e não me atormentou mais. Não houve nenhum tipo de agressão física. Sobrevivi ao assalto e, o que é melhor, fisicamente ileso.
A sensação de estar "por um fio" é horrível. Mas alguma coisa naquela hora me deu forças para demonstrar calma, mesmo eu estando tenso por dentro. Alguma coisa ali me ajudou a não fazer nenhum tipo de movimento brusco. Sim, eu gosto de pensar que teve algo ali que também não permitiu que o assaltante puxasse o gatilho da arma. Foi um momento complicado? Sim! Mas mesmo naquela hora em que tudo poderia dar errado, as coisas acabaram dando certo.
Desde então, eu gosto de pensar que Deus é aquele punhado de boa sorte que nós temos em um momento de azar. Deus às vezes tem um modo estranho de agir, e nem sempre conseguimos compreender a Sua vontade. Mas Ele está sempre ali, nos detalhes. Não acho que Ele interfira sempre em tudo, mas quando Ele age, ah, acontecem coisas que a gente nem acredita!
Sim, eu acredito em Deus!

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