domingo, 17 de abril de 2011

Eu Queria Ser Bono Vox



Acordei hoje em uma bela e azul manhã de Domingo, ainda com uma coisa que, já há alguns dias, não me sai da cabeça: o show do U2. Há exatamente uma semana realizei um dos meus maiores sonhos assistindo à apresentação dos quatro irlandeses (gosto de chamá-los assim), no Estádio do Morumbi em São Paulo. Noite inesquecível, um grande espetáculo! Ainda hoje posso fechar os olhos e me ver, completamente feliz, dentro do estádio, acompanhado por 90 mil pessoas, próximo a uma das “pernas” da Garra (nome do palco da Turnê 360°), cantando, pulando, gritando, chorando... Assistir a um show do U2 não é apenas ver uma bela apresentação de rock, é passar por uma experiência musical, visual, emocional, política, espiritual, religiosa...
Lembro-me de assistir pela televisão, aos nove anos de idade, a uma reportagem sobre uma banda irlandesa que estava no Brasil para fazer alguns shows (só mais tarde eu iria descobrir que se tratava da Turnê PopMart que passou pelo Brasil em 1998). Lembro-me de ver na tela o nome da banda, bem simples, uma letra “U” seguida pelo número “2”, U2. O programa de TV também mostrou a banda cantando uma canção chamada “Where The Streets Have No Name”, o que me marcou muito. Sou capaz de sentir agora a mesma emoção que senti quando ouvi pela primeira vez a excelente guitarra de The Edge, a bateria forte de Larry Mullen Jr. e o baixo marcante de Adam Clayton, enquanto Bono Vox cantava: “I wanna run... I want to hide...”.
Eu não passava de uma criança, um simples garoto de uma cidade mineira do interior, mas a partir daquele momento comecei a conhecer melhor aquela banda. Através de alguns coleguinhas da escola e, principalmente, de um tio, tudo o que dizia respeito ao U2 era objeto do meu interesse, de revistas a fitas cassete. Alguns anos depois comecei a trabalhar como office boy em um escritório e, com o meu primeiro salário, comprei um CD original do U2: o álbum All That You Can’t Leave Behind, que havia sido lançado em 2000. Canções como “Beautiful Day”, “Elevation”, “Walk On”, “Kite” e “When I Look At The World” embalaram a minha adolescência, além das clássicas canções que a banda havia feito nos anos 1980 e 1990.
Com o advento da internet e do DVD, comecei a “ver” o U2 em shows e entrevistas, o sonho de assisti-los ao vivo foi crescendo dentro de mim como uma árvore, ou seja, começou como uma pequena semente e se transformou em uma planta gigantesca, com enormes galhos e folhas verdes. Eu queria ir a um show deles, mais ainda, eu queria ser Bono Vox. Todas as noites quando me deitava eu ficava acordado na cama, sonhando acordado, imaginando-me em cima de um palco, emocionando milhares de pessoas, levando uma mensagem de amor e paz a elas, puxando uma garota da plateia (que nos meus devaneios sempre era alguma garota da escola pela qual eu estava apaixonado), dançando com ela em cima do palco enquanto cantava “With Or Without You”, ao fim da qual eu dava um selinho na boca da moça. Coisas de garoto que gostava de rock, acredito que a maioria das pessoas já sonhou em ser um astro da música, ocupando o lugar do seu ídolo máximo.
Sim, eu queria ser Bono Vox. Com o passar dos anos, porém, veio a maturidade e as coisas de garoto foram sendo deixadas de lado. É verdade que nunca deixei de gostar do U2, pelo contrário, continuei comprando CDs da banda e me informando sobre eles na internet. Só que o meu interesse começou a se voltar mais para as características do som da banda, os acordes, os arranjos, o ritmo, a melodia, os detalhes quase inaudíveis de cada música, as mensagens presentes nas belíssimas letras. O som da banda sempre foi capaz de me emocionar bastante e quando os quatro irlandeses vieram ao Brasil em 2006, durante a Turnê Vertigo, assisti ao show pela TV e, chorando, prometi a mim mesmo que iria ao show dos caras na próxima vez que viessem ao Brasil.
Até que no ano passado foi divulgado que a Turnê 360° passaria pela cidade de São Paulo. Não pensei duas vezes, juntei uma grana, comprei um pacote de viagem e fui ao show. Posso dizer que foi uma das melhores coisas que já fiz na vida. O U2 sabe mesmo fazer um show, sabe proporcionar um grandioso e único espetáculo. No Estádio do Morumbi luzes surgiam dos mais diversos lugares durante a apresentação; o incrível telão em 360° (que se movia de cima para baixo, ora se expandindo ora voltando ao tamanho normal) mostrava detalhes do show e vídeos com mensagens políticas; o som era alto e potente, entrando pelos ouvidos e indo direto ao coração.
Foi mesmo um momento de sonho e fantasia “Even Better Than The Real Thing”, como sugeriu a primeira música do show. Durante aquelas mais de duas horas eu sonhei, vibrei, me emocionei, cantei, chorei, gritei e pulei. O Morumbi parecia pequeno para mim, o mundo parecia pequeno para mim. Na minha mente só havia o U2, a Garra, aquelas 90 mil pessoas e eu. Ao ver a performance de Bono no palco não pude deixar de pensar: e se fosse eu ali no lugar dele?
Pois é, por um instante o garoto de dez ou doze anos de idade ressurgiu das cinzas, e eu quis novamente ser Bono Vox, tal como na adolescência. Tudo isso foi há uma semana, todavia parece que ainda está acontecendo. Acho que ainda estou no Morumbi e ainda sinto de vontade de ser um astro do rock! Pelo que vejo, ainda existe um pouco daquele garoto dentro de mim... São coisas que apenas a música pode proporcionar, e por isso eu digo: Viva o rock! Viva a Irlanda! Viva o U2!

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