domingo, 17 de julho de 2011

Ser pedestre em Uberlândia

Olá, leitores do meu blog! Após alguns dias sem escrever textos aqui, vim hoje compartilhar com vocês algo que tem me incomodado muito: o desrespeito aos pedestres nas cidades brasileiras.
Como vocês sabem, moro na cidade de Uberlândia, localizada no Triângulo Mineiro, uma cidade da qual eu gosto muito, mas que, como qualquer outra cidade, também tem seus defeitos. Desde o século passado, Uberlândia traz consigo o discurso do progresso e do desenvolvimento. Situada em um ponto estratégico do Brasil, a cidade cresceu muito e atraiu muitas pessoas para cá, não só de outras cidades da região, mas também de outros estados. Eu mesmo não nasci aqui, uma vez que sou carmelitano. Tendo hoje uma população que passa dos seiscentos mil habitantes e abrigando diversas empresas de médio e grande porte, incluindo muitas indústrias, Uberlândia é uma cidade bastante movimentada e seu trânsito já é bem pesado, sobretudo em determinados horários. A frota de veículos daqui já é a segunda maior do estado de Minas Gerais.
Dentro desse contexto, o pedestre sofre muito, e eu digo isso por experiência própria. Andando pelas ruas e avenidas da cidade, a impressão que tenho é que Uberlândia parece não ter sido feita para as pessoas, mas para os veículos. Um bom exemplo disso pode ser visto na situação atual da Avenida Rondon Pacheco, onde um viaduto está sendo construído no cruzamento com a Avenida João Naves de Ávila, além de estarem sendo feitas obras de construção de galerias. Não tenho nada contra essas obras, o viaduto certamente auxiliará no melhoramento do fluxo do trânsito, as galerias serão importantes para diminuir as enchentes que historicamente ocorrem na Rondon.
O que me incomoda muito é o fato de que as mudanças no trânsito que foram feitas no local, em consequência dessas obras, tais como mudanças na sinalização, no sentido de deslocamento dos carros e nos canteiros centrais, foram feitas para atender apenas aos motoristas. De fato, a circulação do pedestre ficou extremamente comprometida em alguns pontos, andar a pé pela Rondon é algo que tem sido cada vez mais difícil.
Como se isso não bastasse, há algo que complica ainda mais a situação do pedestre: o péssimo comportamento dos motoristas. Devo confessar que não sei dirigir e não tenho carteira de motorista, mas pelo que conheço a respeito do que é ensinado nas autoescolas, além do que é dito pela lei, no trânsito os maiores devem, ou deveriam, cuidar dos menores. Dito de outra forma, motoristas de ônibus e caminhões devem cuidar dos motoristas de carros que, por sua vez, devem cuidar dos motociclistas que devem cuidar dos ciclistas que, por fim, devem cuidar dos pedestres. Mas o que vejo na prática diária das ruas de Uberlândia é que os maiores estão ávidos por devorarem os menores. Todo mundo quer circular mais rápido, ninguém tem a paciência de esperar um pouco e fazer alguma gentileza no trânsito. O lugar que sobra para o pedestre, dentro dessa lógica de selva que impera no trânsito uberlandense, é o que corresponde à base de uma cruel cadeia alimentar, onde vidas humanas são constantemente ceifadas, em decorrência da correria, da imprudência e da falta de educação.
O pedestre sofre, ele não é nada, ninguém o vê, ninguém se importa com ele, ninguém o preserva. O que o pedestre deve fazer? Ora, o que eu, um pedestre, faço no meu cotidiano é tomar o maior cuidado possível. Atravesso sempre na faixa, não confio em nenhum motorista e evito andar com pressa. A pressa é inimiga do pedestre, afinal de contas, na pressa de chegar a algum compromisso, o pedestre pode nem chegar, já que ele pode ser a qualquer momento devorado por aqueles que estão acima dele na cadeia alimentar do trânsito.
Por fim, o que peço é uma mudança de cultura e de hábitos. Afinal de contas, mesmo com tantos veículos, tanta gasolina, tantas máquinas, tanto cheiro de óleo e barulho de buzina, uma cidade é feita de pessoas e não de máquinas. Que as pessoas, portanto, sejam a prioridade no trânsito!

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